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quinta-feira, julho 10, 2003

Chapada Diamantina 

Chapada Diamantina

Taí um lugar que se encaixa na perfeita definição de paraíso: é um sacrifício imenso para chegar (principalmente se você vai de carro do Rio de Janeiro) mas este sacrifício não é nada se comparado à beleza do lugar...
No caminho fui multado por uma tocaia da polícia, a justiça desta multa é discutível, mas eu não vou me ater a detalhes...

Dormimos num hotel de beira de estrada e pela manhã seguimos viagem, sem antes fotografar o nascer do sol que foi explêndido

Antes de chegar a cidade, passei num buraco e amassei as duas rodas da direita, como só tínhamos um estepe (o q era de se esperar!) tivemos que desempenar a roda pra seguir viagem até o borracheiro mais próximo... depois desse primeiro contratempo chegamos à cidade e encontramos uma posada super aconchegante (a Águas Claras) por R$15,00 com café da manhã (nós íamos acampar, mas mudamos de idéia).

Lá tivemos o primeiro contanto com o guia, R$40,00 por dia pra 3 pessoas, eu achei q tava caro e perguntei quais os passeios que precisavam de guia... (ingênuo, eu...) A resposta foi enfática, “todos os passeios precisam de guia!”
Resolvemos arriscar e nos demos bem. Só um dia contratamos guia, e foi o único dia que deu chabu.
No dia seguinte fomos à cachoeira da fumaça, simplesmente deslumbrante, você se sente insignificante perto da grandeza do lugar.


O problema é q a cachoeira fica muito longe do posto mais próximo e quando nós chegamos a cachoeira o carro resolveu acender a reserva!!! no meio do caminho paramos numa farmácia e compramos 3 litros de álcool pra fazer o carro chegar até o posto...quando enchemos o tanque deu 56 litros (no meu tanque cabem 60)!

O dia seguinte foi o dia das grutas, primeiro Lapa Doce, depois Pratinha e Azul e por último Torrinha. Neste dia deu tudo certo só as fotos que não ficaram muito boas (faltou tripé, coordenação motora e um curso de fotografia...)
As grutas da Lapa Doce e Torrinha têm formações típicas de grutas como diversas estalactites e estalagmites de diversos formatos

, mas o mais maneiro foi a explicação do guia Zéquinha para o nome estalactite e estalagmite, que seriam formações “ctite” “do teto” e formações “gmite” “de monte” (parecia cursinho pré-vestibular com suas decorebas non-sense porém muito boas).
A Torrinha ainda guarda surpresas como as flores de aragonita

e as estalactites que mudam de direção contrariando a lei da gravidade e as vezes até passam a subir em vez de descer... essas formações tem um nome específico que eu simplesmente não consigo lembrar.
Já na pratinha existe um lago maravilhoso de águas transparentes onde você pode descer de tirolesa

e passear com máscara e snorkel por dentro da gruta.

A uns 500m da pratinha existe a gruta azul que você não pode mergulhar mas que por volta das 14:30h (no mês de julho, eu não sei em outros meses) bate um raio de sol num lago que toma uma coloração azulada muito bonita

... mas não tem comparação com o que você vai ver no Poço Azul e muito menos no Poço Encantado.
Nesse dia não teve perrengue, você paga para entrar em todas as grutas, mas é barato, e tem guias te dando explicações sobre tudo.
No terceiro dia fomos ao Poço do Diabo no rio Mucugezinho onde fizemos rapel por R$15,00

e encontramos cachoeiras muito maneiras,

mas a água estava pra lá de fria, pelo menos pra mim que só gosto de banho quente.
Depois subimos o morro do Pai Inácio que tem uma vista excepcional da chapada. Esse morro tem uma história engraçada pra ter esse nome mas essa eu deixo como surpresa pra quem for... agente só vacilou num ponto, nós deveríamos ter subido perto do por do sol que dizem ser maravilhoso de lá, e pela vista, realmente deve ser inesquecível. Descemos o Pai Inácio e pegamos a estrada de volta pra Lençóis, almoçamos e resolvemos fazer o “roteiro light” que não é tão light assim e também não é lá grande coisa, mas se está sem fazer nada... Este roteiro consiste no em subir o rio Serrano passando pelo Poço Harley, Salão de Areias (nada de mais), Cachoeirinha e Cachoeira da Primavera.

No dia que fomos às grutas encontramos um maluco (neste caso não é gíria) que tinha vindo à Chapada sozinho, veio de Pelotas de avião, mas teria vindo na boléia de caminhão se não tivesse conseguido a passagem aéria. O maluco se chama Moisés, bom se comparado ao Moisés da Bíblia realmente não é muito ir sozinho de Pelotas à Chapada durante 4 dias na boléia de caminhão. Mas o fato é q o Moisés já tinha ido no passeio “light” e foi o nosso guia, não que o passeio necessite, pois tem sempre o rio como referência.
O que fazer neste ponto foi talvez a grande dúvida e provavelmente a escolha não foi a melhor, mas não dava pra saber o q viria pela frente. Nós tínhamos dois dias e deveríamos escolher entre Cachoeira do Sossego e Ribeirão do Meio ou Marimbus ou Cachoeira do Buracão, sendo que um dia já estava reservado para Poço Encantado e Poço Azul. Pelo que eu li nos roteiros parecia possível agente se perder no Ribeirão do Meio se fossemos sem guia e como já tínhamos ido ao Mucugezinho com suas cachoeiras resolvemos tentar a Cachoeira do Buracão que tem o atrativo de ser uma cachoeira escondida que você só chega depois de uma caminhada de duas horas e meia se nadar os cem últimos metros do percurso! E no dia que fossemos aos poços tentaríamos ir a Marimbus também.
Como esses lugares ficam a mais de 150Km de lençóis na direção do Rio de Janeiro, resolvemos fechar a conta na pousada e nos hospedar em outra cidade. Neste dia o Moisés ia pegar uma carona com agente mas ele sumiu e perdeu a bocada. Como demorou muito pra chegar na cidade onde agente partiria pra trilha da cachoeira do Buracão resolvemos deixar as malas na mala e nos hospedar na volta. Para esta trilha nó não tínhamos quase nenhuma informação e então só tinha como ir se fosse com guia, encontramos uma agência e contratamos o guia (40 pilas como diria o Moisés que pagaríamos na volta) antes de entrar o guia comenta que iria de moto por que a estrada ta meio esburacada e o meio carro é muito baixo... já não gostei do comentário. Depois ele acabou vindo com a gente porque a moto estava sendo usada. Aí eu perguntei que história era essa da estrada ser esburacada... “A estrada tá ruinzinha mas dá pra ir” – O pior é q eu fui...
Para um utilitário 4x4 tá até tranqüilo, mas pro meu carro foi o calvário, só faltava a cruz... o bichinho sofreu como nunca tinha sofrido na vida. Uns 2Km de sofrimento e o que eu encontro: uma ladeira de pedras e areia que fez o carro atolar umas três vezes e cada vez que ele atolava era pedra pra tudo quanto é lado, assoalho no chão, arranhão no tanque e desespero no motorista. Mas mesmo assim seguimos... o carro batendo no chão e a tensão batendo no teto, e o guia com a mesma história de sempre, “Daqui pra frente a estrada melhora”. Depois de uns 3Km passamos uma porteira e o guardador avisa que pra frente tem um atoleiro que tem gente ficando. Como já tínhamos passado por tudo aquilo resolver ir ata o atoleiro e ver se dava, mas o atoleiro era numa descida e só deu pra ver quando eu já estava dentro dele. Descer foi fácil, a droga seria a volta. Mas o melhor vem depois do atoleiro: UM RIO!!!! Sabe comercial de off-road que sempre tem um rio que eles atravessam, pois é, queriam fazer comercial de off-road com o meu XR-3!!! Aí caiu a gota que faltava pra entornar o caldo... talvez se o rio estivesse no começo do perrengue eu tivesse atravessado, mas depois de tudo, e sem nenhum aviso, me aparece um rio, não deu, tive que me estressar com o guia e voltar dali. Atolamos mais umas quatro vezes, o assoalho foi pras cucuias e o tanque eu sinceramente não sei como sobreviveu. Perdemos o dia mas podia ter sido muito pior.
Pra compensar, a noite no hospedamos em Mucugê, uma cidadezinha super arrumadinha, e comemos uma pizza deliciosa, aliás em relação às comidas nós fomos muito felizes, todos os dias fomos bem servidos em quantidade e qualidade.
O último dia foi dia do poço encantado e poço azul. A estrada é uma das piores que eu já passei mas o lugar é simplesmente divino, primeiro fomos ao poço encantado que na parte da manhã no mês de julho entra um faixo de luz caverna e torna a água do poço azul e este azul reflete no ambiente tornando o lugar quase psicodélico.


O único problema é que não se pode mergulhar, mas tá certo deve-se preservar aquele lugar encantado, pq é realmente isso que ele é. Seguimos do poço encantado para o poço azul e neste caminho passamos por uma vala e nesta vala o protetor de carter deu seu último suspiro, quase desistimos de ir ao poço pq seria meio perigoso sem essa peça, mas resolvemos arriscar, e realmente valeu a pena.

O lugar não é tão deslumbrante quanto o poço encantado mas em compensação pudemos mergulhar e foi uma chave de ouro pra fechar a nossa viagem. Detalhe: apareceu uma cobra no poço e o guia a capturou. Lá cada um dizia que a cobra era uma: uma hora era Sucuri, na outra Jararaca, depois Cobra D’Água, mas uma coisa é certa se alguém fosse mordido e ela fosse venenosa estaria a meio caminho do paraíso (ou do purgatório, como é que vc se comportou?), pq no lugar não tinha soro e a cidade mais próxima que poderia (PODERIA) ter soro ficava a 12Km de distância naquela estradinha furreca. Mas tudo deu certo, só não deu tempo de ir a Marimbus pois o passeio dever ser feito até as 15:00h e nós só conseguimos chegar lá as 16:40h. Fica pra próxima.
Neste dia mesmo nós pegamos a estrada e resolvemos vir direto sem dormir o que sinceramente eu não recomendo e eu não farei denovo, é muito arriscado.
A viagem valeu cada perrengue, se me perguntassem se eu faria tudo igual eu não faria, mudaria algumas coisinhas, mas não me arrependo da viagem mais impressionante que eu fiz até hoje.

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